O caçador de elefantes

Após chegar em Moçambique em 1952, meu avô "TJ" tornou-se caçador de elefantes. Ausentava-se durante meses seguidos no meio do mato e não tinha como dar notícias à minha avó que ficava apreensiva e preocupada. Geralmente viajava com o meu tio Sammy ou com algum amigo, contratava guias nativos nas áreas de caça (Maplanguene, Massingir, nas margens do Limpopo) e comia muitas melancias para saciar a sede. E todos os anos tinha que renovar a Licença de Caça e fazer a vistoria das armas.
No mato, tinha que saber caçar todos os tipos de animais pois os de menor porte serviriam de alimento e eram usados para negociar produtos com a população indígena.
Tinha algumas belas armas que eu adorava ver quando era pequeno, algumas de calibre grosso com a Westley Richards 500 de cano duplo e a Jeffery 404 inglesa muito usada na caça a elefantes, uma espingarda Sarasqueta 12 também de cano duplo e a clássica Winchester 22.
Numa das expedições, o amigo de caça Lung Fei foi mordido no pé por uma Mamba negra (Dendroaspis polylepis) , a serpente mais temida do mundo por seu veneno potente e velocidade no ataque, que entrou pela lataria onde passava o pedal do freio. Foi lhe aplicado soro antiofídico mas a viagem de 70 km pelo mato e por estradas precárias até ao hospital mais próximo levaria quase 4 horas e ele não resistiu.

Fotos : TJ na caça, com o filho Sammy, com Lung Fei. Licença de Caça de TJ.